terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Uma Noite qualquer




Andei caminhando pelas ruas de minha Messejana querida, terra onde nasci e me criei, em uma noite qualquer. Estava eu com meu pai, que imaginava o quão semelhante a um paraíso esta região era, há anos atrás, com sua vasta flora e fauna e sem os medos da vida moderna.

Enquanto ele pensava na Messejana antiga, ficava eu com meus pensamentos indagando se alguém sabia o que estava acontecendo naquele momento na Messejana moderna. Tínhamos acabado de sair de um Festival de Artes onde várias pessoas declararam seu amor a Messejana.

Contudo, a mesma pergunta me vinha à cabeça: O que estamos fazendo por Messejana? Alguns distorcem a história para servir de substancia para eventos que visam apenas à promoção pessoal. Outra parte prefere ficar em casa e não se arriscar no lado de fora dos muros que criamos para fugir do avanço da violência. Enfim, nós que moramos aqui, que ficamos com a incumbência histórica de guardar nosso lugar de morada, estamos falhando na conservação de nosso lar.

Nessa noite qualquer os que nos precederam na construção de uma Messejana que corresponda a sua história de lutas contras as dificuldades encontradas em seu caminho, choraram ao observarem luzes no céu, mas não celebrando o espírito de Messejana e nem alegria de viver nessa terra tão abençoada. As luzes eram sinais que em algum estavam rasgando a história desta terra de bravos homens e mulheres trabalhadores, de uma juventude consciente, de senhores e senhoras idosas que escreveram tão bem as páginas das nossas memórias.

O povo de Messejana, eu soube depois em outra noite qualquer, disse não a este Ato contra a grandiosidade de sua história e contras as memórias que fundaram a nossa comunidade. Novamente, os Messejanenses se preparam para enfrentar corajosamente tudo que vier contra seus princípios e contra todo tipo de manipulação. Nosso povo não suporta a inverdade e os truques. Messejana merece respeito e nós, construtores de seu cotidiano exigimos o melhor para nossas famílias.

No final daquela noite qualquer, cheguei a minha casa e via as luzes no céu se esvaírem e o som atordoante desvanecer, abafado pela resposta do Povo de Messejana, resposta esta dada através do seu silêncio, através da sua coragem em não aceitar e não participar de acintes a sua história.


Felipe Neto
Historiador e editor do Blog Voz de Messejana

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